Carrego comigo meus medos
Pequenas criaturas que nasceram na infância,
Quando eu tinha medo do escuro
E o lobisomem era de carne e osso .
E elas cresceram…
Ganaram espaço dentro de mim,
Vozes que sabem meu nome
E o pronunciam com familiar intimidade.
Eles ainda se escondem dentro de mim,
Em um labirinto profundo,
Esperando o momento exato
Em que irei parar para ouvi-los.
O medo do novo, do fim, do nunca,
O medo de não ser suficiente,
De ser demais e de ser nada.
O medo tortura.
Todos os meus medos marcham comigo
Dia após dia
A cada passo murmuram:
“Lembra de nós?”
A vida é uma escada alta,
E cada degrau meus fantasmas estão comigo.
Às vezes tropeço neles,
Às vezes caminho de mãos dadas.
E no entanto sigo
Mesmo com o coração em pedaços.
O caminho é um só
E eu estou cansada dos meus medos.
Porque aprendi que até o terror
Pode ser uma tocha,
Aprendi que até o medo mais infantil
Pode iluminar o abismo quando o encaro.
E assim avanço…
Entre ruínas internas,
Entre pesadelos infantis,
Entre os mais diversos medos.
Até descobrir que sobrevivência
Estava ali o tempo todo,
Mas o medo me paralisava.
Agora eu posso sentir, estou perto.
A poesia mais sombria,
Que um coração humano pode escrever
E nela irá encontrar, enfim,
A saída para sua liberdade.
By Bruna M.




